quarta-feira, 21 de novembro de 2018

AS PERDAS ME LEVAM A ENCONTROS

por Inajá Martins de Almeida

Dias frios e chuvosos me levam às reflexões, muito mais do que dias claros e ensolarados. Esses dias, nesses derradeiros do ano, são mais freqüentes, razão pela qual procuro entendimento maior sobre mim. Agradeço, assim, o tempo calmo, chuvoso que me torna possível  encontros vários. Primeiro comigo, com meu interior, aquele que me torna  mais plena, mais cônscia de mim...

Percebo-me como aquela mulher a buscar pela moeda perdida, que não pode descansar até encontrá-la. E saio à procura de mim...

O que teria roubado minha paz? O que teria trazido a mim esse desejo premente de procura? A resposta, então, a mente me vem latente:

- Perdas! Perdas? ... 

Sim, são elas que vêm roubar espaços de mim. São elas que vêm também, organizar espaços em mim. São elas que ao invés de diminuir, acrescentam espaços em mim e logo recorro às linhas, aos vídeos que me elucidam, aos amigos que abrem seus ouvidos para me escutarem e trocarem, comigo, impressões.

Não me sinto só. Não posso me sentir só, com tantas descobertas, com tantos encontros. 

As perdas podem, assim, somar, porque busco acrescer meus espaços que, se vazios, necessitam serem preenchidos. 

E saio a procurar minha dracma. E, como aquela mulher chorosa, preocupada, triste, assoberbada pela ausência, pela perda, agora ao encontrá-la se lança em festa, convida amigos a partilhar dessa alegria eu, em meu espaço, aparentemente vazio, rejubilo, canto e torno pública minhas palavras.

Pude perceber, revendo meus espaços, que as perdas puderam me levar a outros tantos encontros e a outros tantos espaços.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

EXPERIÊNCIAS COM DEUS

Dentre tantas palavras que tenho oportunidade de ouvir – e também me dou a oportunidade de ouvir, assimilar e digerir – encontro no Livro de Atos algumas que tem me tocado profundamente nos últimos tempos.

Herodes é aclamado pelos religiosos da época, os quais também se alegram com o fato da perseguição acirrada imputada a igreja de Cristo logo após a crucificação de Jesus.

Os judeus não reconheciam “O Caminho”, denominando-o “seita” (“Aquela a que chamais seita...”) tampouco a Jesus, como por Ele mesmo dito “Eu vim para os meus, mas os meus não me reconheceram”, além do mais apoiavam um rei cruel e sanguinário que, após matar à espada Tiago, irmão de João, manda prender a Pedro, ao término da Páscoa. Entretanto, mantido sob quatro escoltas com quatro soldados cada, fortemente acorrentado a duas correntes, Pedro “dormia”, enquanto a igreja mantinha incessante oração a Deus a favor dele.

Aqui eu percebo a experiência maravilhosa que Pedro tinha com Jesus e com Deus, pois calmamente se mantinha em meio a adversidades e, mesmo acorrentado entre dois soldados, dormia.

A palavra “dormia” me chamou especial atenção, quando me percebo tempo demorado a vislumbrar um fato real em minha própria vida. Quando minha mãe, após um período de trinta e quatro dias em estado de coma num leito de hospital, vem a falecer (24.10.2004), naquela noite, após os preparativos funerários, volto para casa, abro a Bíblia e peço uma Palavra ao Senhor e esta vem através do Salmo 145, juntamente com um sono e uma paz perene, explicável apenas para aqueles que buscam uma experiência com Deus em sua vida.

“O Senhor sustém a todos os que estão a cair,
e levanta a todos os que estão caídos” (Sl 145:14)
“O Senhor está perto de todos aqueles que o chamam,
de todos os que o invocam em verdade”. (Sl 145:18)

Parei tempo demorado nessa passagem, imediatamente a próprio punho escrevi no rodapé da Bíblia:

_ “o Senhor me mandou o consolo neste dia em que minha mãe faleceu (24/10/04); o Senhor levanta os abatidos”

A seguir, inexplicavelmente caí num profundo sono, vindo a acordar ao amanhecer, quando os preparativos para a cerimônia do traslado se faziam necessários. Seu sepultamento aconteceu na cidade de Araras no dia 25/10/04 as 16 horas, após o que voltamos, Alexandre, Elisabete, David, meu pai e eu, para Ribeirão Preto, todos silentes, sem palavra alguma pronunciar durante o percurso aproximado de 150 quilômetros. Ivani, Juliana e Wagner dirigiram-se para Campinas, os demais parentes e amigos, em Araras permaneceram, cada qual a seguir o cotidiano de suas vidas.

“Em paz eu pude deitar e dormir, porque só tu,
Senhor, me fazes habitar em segurança”. (Sl 4:8)

Pedro havia conhecido a Jesus, andado com Ele, presenciado Seus milagres, negado-o também por três vezes, mas esse fato não apagou a força do Deus vivo dentro de si. Estava não só envolvido, mas comprometido com a Palavra. Sabia que ainda que morresse a vida eterna lhe fora prometida, por Aquele que viera para dar vida e vida em abundância, que no mundo passaria por muitas aflições, mas, que, as enfrentassem com bom ânimo, posto que o mundo por Ele fora vencido.

E a Palavra exorta que, enquanto Pedro dormia, Deus enviava um anjo o qual, tocando-o, o faz despertar dizendo: 

_ “levanta-te depressa”.

Outra experiência vivida no mesmo período de hospitalização, junto ao leito de minha mãe. Os longos trinta e quatro dias foram cruciais para enfrentá-los. Ali era o deserto que, dia após dia, eu tinha de atravessar. Assim tentava dividir-me entre as visitas diárias, (duas vezes ao dia), o trabalho profissional, os afazeres no lar (pai e filho), a igreja e as orações.

Num desses dias, preocupada com o destino de minha mãe – a mansão eterna a chamava e eu a segurava (a separação me era dolorosa) – eis que a seu lado, fitando seu semblante inerte e sereno, uma voz penetra fundo meu âmago fazendo meu interior calar: 

“Você está preocupada por que? Saiba que antes dela ser sua mãe, ela é minha filha!”.

Imediatamente me tranqüilizei e, aquele semblante caído que me acompanhava todos os dias, passa a espargir um brilho somente possível para aqueles que descansam no Senhor e, naquele momento eu pude perceber que realmente eu descansava à sombra do Onipotente.

Percebi claramente que Deus falava comigo e “depressa” me coloquei de pé.

No apartamento, o teclado silente a um canto da sala, pedia para que a vontade de minha mãe fosse feita. Ele, que durante muito tempo pode ser expectador da alegria e prazer que minha mãe sentia ao me ouvir tocar e, vez ou outra solicitar alguma peça em especial, agora me pede que sua vontade seja feita.

Quantas vezes ela me dizia, ainda que em tom de brincadeira, para que eu executasse suas canções prediletas, quando a mansão eterna a viesse chamar e assim foi feito.

Inexplicavelmente “depressa me levantei” e pude deixar soar as melodias que, aos poucos, foram quebrando o silêncio do ambiente, enquanto os dedos autômatos percorriam as teclas brancas e negras daquele que por um longo período se mantivera calado.

“Romance de Amor”, “Ave Maria”, “Rosa”, “Barcarole” desfilavam uma após a outra, numa paz perene, possível apenas aqueles que tem os olhos fitos para o Alto.

Claro que depois da sua partida, passei por diversas situações, muitas quedas, muitas lágrimas, muitas discussões, muitas separações, muita solidão, muito deserto, não diferente de Pedro que mal pudera supor ser real o que julgara sonho – a presença do anjo, o acordar do sono, o romper das correntes, os portões de ferro se abrir por si mesmo – mas a luz do entendimento foi pedindo passagem, foi apagando feridas, limpando profundas marcas deixadas por um passado de ignorância de distanciamento de Deus, ao ponto de me agraciar com um presente vibrante, repleto de expectativa no futuro.

No ano seguinte, data do meu aniversário – 27 de março de 2005 – Deus me presenteia com minha sobrinha neta (Ana Clara) filha do meu sobrinho Alexandre. No mesmo ano conheço aquela que se tornaria minha nora; Patrícia viria trazer novo brilho ao nosso viver (ao meu, do meu filho David e ao meu pai), em abril de 2006 encontro-me com aquele que faria toda diferença ao curso da minha vida – Elvio meu fiel companheiro, meu presente real. Agora eu podia cantar: “De coração, pra coração, porque o Senhor mudou a minha vida... Estou feliz só porque Te encontrei”.

Pude perceber que meu coração não era mais somente para “decoração“; agora era de coração, para coração. E enquanto eu buscava preencher, com a presença de Deus, o vazio das perdas, Ele ia completando, o que eu, com olhos humanos não podia enxergar. Assim, pude materializar para minha vida a Sua promessa de que “não é bom que o homem viva só”.

Assim, também “depressa me levantei”, permitindo-me um recomeço. Era Deus que me tirava do sono e me pedia para caminhar.

Em junho de 2007 David, meu filho casa-se com Patrícia, unindo seus corações. No mesmo ano, outubro, Elvio deixa de ser virtual, passando ao real, quando então damos início a um relacionamento sólido. Em maio de 2008 a chegada da minha neta Rafaela cumpre a promessa de que a herança dos avós são seus netos.

Pedro caiu em si e percebeu que Deus o livrou de Herodes. Eu estou a seguir seus passos, livrando-me também dos Herodes, das sentinelas, dos portões de ferro que dão para a cidade, para as oportunidades que se abrem a minha frente, agora não mais só, mas em companhia daquele que está dando um novo colorido as minhas palavras. Com certeza, as suas palavras também estão sendo coloridas dia após dia.

Entretanto, decorridos esses quatorze anos do afastamento de minha mãe, mal supor pudera também enfrentar a segunda experiência quase que similar - 34 dias de tratamento intensivo, entre hospitalização, retorno a casa e finalmente uma UTI de quatro dias - agora com aquele que me fizera companhia por um período de doze anos. Mais uma vez tenho de entregar ao pó um ente que me foi tão grato...

Entretanto, mesmo em meio a dor imensa que sinto neste momento, posso ainda dizer e permitir que quebrada por Ti, Senhor, posso ter a certeza de que a glória da segunda casa será muito maior do que a da primeira, porque o teu cajado e o teu bordão me sustentam.

E se me for permitido solicitar a Ti um pedido, que seja este:

Que o Teu cajado e o Teu bordão me sustentem todos os dias finais de minha existência - amém

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

ENDIREITAI O CAMINHO DO SENHOR


"Eu sou a voz do que clama no deserto: - endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaias". Jo 1:23


Em meio aos dias atuais, ouvimos vozes que clamam no deserto árido, sombrio; vozes que se alimentam da Palavra; vozes que procuram viver e vivenciar a Palavra, num mundo entre fariseus e publicanos...

- "Quem és tu?" 

A todo momento a pergunta paira no ar - soberba, insolente, incrédula, sarcástica...

E percebemos o quanto é difícil endireitar o caminho para muitos - para outros tantos, impossível...

Nós contudo, continuamos a clamar sem cessar:

- Endireitai o caminho do Senhor...

Buscando, contudo, endireitar o nosso próprio caminhar com Jesus...

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

JESUS CHOROU... E EU CHOREI! POR QUÊ?

por Inajá Martins de Almeida 

Jesus chorou! Por quê? Por quem?

 O choro pode durar uma noite... Mas com a manhã a alegria vem. (Sl 30:5)

Pela primeira vez em minha vida, algo me fora estarrecedor: - num momento me vi a chorar e lamentar sobre minha própria situação; a circunstância que me envolvera me dera profundo pesar e chorava copiosamente, não pelo outro, mas por mim mesma.

Jesus chorou pelos amigos – Lázaro, morto há quatro dias e pelas irmãs, Marta e Maria, desamparadas.  A situação constrangedora o levara as lágrimas, ao ponto de serem notadas:

- “Vejam como ele o amava?” (Jo 11:35/37)

Outra vez olha a cidade – Jerusalém – e chora e clama:

- “Ó Jerusalém, Jerusalém, que assassinas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a galinha acolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes! (Mt 23:27)

- “Ah! Se tu compreendesses neste dia, sim, tu também, o que traz a paz! No entanto agora isto está encoberto aos teus olhos... porque você não re conheceu a oportunidade que Deus concedeu”. (Lc 19:41-44)

Adentro a Palavra e não encontro menção ao choro por si mesmo. Muito embora lamentos sim:

Jó escarnece sobre o dia do seu nascimento em vários momentos de sua lida sinuosa... (3:1/26);
 Jeremias maldisse o dia do seu nascimento também... (Jr 20:14/18)

Eclesiastes, capítulo 7, alerta-nos sobre dias sobre opressão, tristezas, lutos... Extremas incoerências; comparações...

Todavia, eis que chega à conclusão: -

- “Deus fez os homens justos, mas, eles foram à busca de muitas intrigas”. (Ec 7: 1/29)

Davi e seus 600 valentes prantearam a cidade incendiada e saqueada, suas mulheres levadas em cativeiro.

Prantos e prantos, choros e lamentos encontramos por toda a escritura, mas em meio a tantos temores há momento de chorar e há momento de lutar e eis que me valho dessas passagens para estancar a dor que invadiu minha alma.

Por instante, ante aquela notícia de dor, aquela doença que sobreviera àquele companheiro forte, que julgara intangível, quedou-me ao lamento forte e me senti prostrada a chorar pela solidão que em breve assolaria corpo, alma e coração.

E a mente me sobreveio Jesus a chorar por Lázaro, por Jerusalém. Eu a chorar por mim. Sim...

Poderia estar a chorar por meu companheiro, inerte num leito de hospital, mas, entretanto, encontrei-me a chorar por quem? Por mim. Sim! Por mais estranho que possa parecer.

 Chorei por mim, desamparada que me sentia de pai e mãe – ausência que se faz latente em todos os momentos.

Chorei por mim, pela impotência de lutar a causa que já se apresentava perdida.

Chorei pela pequenez da fé que se abriu em minha mente. Enfim... Chorei o pranto de criança que nem ao menos sabe o porquê e para que tanto choro que se fez abafado.

Chorei! E chorei, também, porque percebi que o meu Senhor chorou por mim e, nesse instante, cessaram-se minhas lágrimas, meu pranto de mim se apartou e pude perceber que, em meio ao meu sentir choroso e melancólico, o choro pode durar uma noite, mas ao nascer da manhã a alegria veio me consolar.






quinta-feira, 4 de outubro de 2018

NEGAR-SE A SI MESMO...


Negue-se a si mesmo...

A noite tingia-se de prata. A lua tímida escondia sua grandeza e nos minguava sua coloração prateada.

Olhava eu  o firmamento. Contava estrelas. Meditava na Palavra. 

As pessoas que na pequena capela atentas ouviam o preletor discorrer sobre o negar-se a si, encontraram-se em comunhão. Eu ainda me encontro.

Minha mente percorria o Livro e buscava eu alinhavar textos e compor o meu próprio texto.

Eis que Jesus passava... 

Extasia-me a mensagem da passagem de Jesus, sempre acompanhado por grande multidão.

Eis que, Jesus olha para um pescador – Simão Pedro – e lhe pede avançar o barco e lançar a rede que em poucos minutos se torna carregada de peixes, ao ponto de não mais conseguir, com a força dos seus braços fortes, carregá-la e passa a pedir auxílio.

Como fora possível? Há pouco a pesca lhes fora infrutífera. Trabalho árduo não lhes rendara o resultado almejado – os peixes em suas redes. Agora, fartavam-se todos da boa pesca.

Como tem sido nossa pesca diária? Fartam-se os peixes? Somos saciados? Ou percebemos que nossos braços fortes necessitam auxílio...

Simão Pedro era experiente pescador. Conhecia todos os meandros do mar, mas ali, naquele momento percebe algo diferente. 

Quem era aquele homem que lhe direcionava a palavra? Quem era aquele homem que aos peixes clamava e estes o obedeciam? Que lhe concede  outro nome?

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt 16:18)

Como nos sentiríamos num momento tal qual os pescadores? Se um desconhecido nos abordasse na rua e nos propusesse lançar nossa rede? O que responderíamos? 

Mais ainda que o seguíssemos...? Seguir para onde...? Ademais, olhar para nosso nome e dar significado tal?

 “Inajá” – palmeira. 

– "Davi" – um homem segundo o coração de Deus

Novamente meus questionamentos... Quem sabe o de muitos... 

Onde estou lançando minha rede? Onde estou prostrando meus joelhos? Inclino-me a pensar eu como pecador? Estou disposta a deixar meus pertences e seguir...? 

Mais ainda... Negar meus desejos? Minhas vontades?

A Simão Pedro lhe fora proposto o não temer, pois certamente o temor lhe invadiu alma e coração, ao ponto de Jesus conhecer-lhe o íntimo: 

 “Não temas, pois que de agora em diante serás pescador de almas” – disse Jesus a Simão Pedro, entretanto, seus companheiros Tiago e João, em terra firme, ouvindo a mesma palavra, deixaram seus barcos e O seguiram e puderam ver milagres e maravilhas sendo operados.

Ademais, percebo que a Bíblia nos diz sobre Zebedeu – pai de Tiago e João. 

Por que estaria ali mencionado o pai dos dois pescadores? E o que podemos depreender dessa menção? Chego a concluir que o pai exercia significado sobre a vida dos filhos. Respeitado. Pautado em sua integridade familiar. 

Podem nossos filhos serem significados como filhos de qual família? Por qual nome podemos designá-los e direcioná-los. Em mim trago forte a marca de minhas famílias e as distingo - pai e mãe. Mesmo sabedores da família de cristo, temos nossa família constituída aqui na terra e, por ela, temos que zelar constantemente.    

E meus pensamentos, novamente, levam-me a imaginar que o pai conduzira os filhos à pesca e, portanto, dependia deles, quiçá velho, apartado do trabalho rude e árduo. Porém, não fora, o pai dos dois pescadores, consultado. Eles simplesmente entenderam, partiram e puderam acompanhar milagres e maravilhas caminhando junto a Jesus. O pai, certamente já os havia instruído. 

Penso em mim. Penso em cada um de nós...

Quantas vezes não tivemos a coragem de olhar para Jesus e pedimos que de nós se afastasse – pecador que nos enxergamos e somos – tal qual Simão Pedro?

Jesus conhece nosso mais profundo interior:

– “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai Ele vo-lo conceda” – (Jo 15:16)

Assim foi que, numa noite em que lua se me apresentava tímida, meus pensamentos puderam acompanhar a Palavra de instrução e seguir em linhas, sob ponto de vista que me levaram a digerir ainda mais o que meus ouvidos e intelecto puderam absorver.

E, além do mais, a partir dessa sintonia harmoniosa que se pode sentir no espaço e nos corações, Jesus continua gentilmente a solicitar lançar nossa rede, quando nos convida a segui-lo.

 – “Se alguém quer vir após mim”. 

Entendo a par da Palavra, a condicional (se) e reflexiono.

Jesus não nos obriga. Convida-nos. Ademais, aplica-nos condições  podemos ou não acatá-las; podemos ou não firmá-las em contrato.


  “Negue-se a si mesmo”  

Concordância, contrato que devemos firmar ao despojarmos do nosso eu, do nosso querer;

“Tome cada dia a sua cruz” 

Sabedores de que Jesus não nos prometeu retirar de nós as aflições, temos de estar aptos a cada dia levar nosso fardo para adentrar à terceira proposta

– “E siga-me”. (Lc 9:23)

Desta forma, mediante essas prerrogativas que possamos nós nos alicerçar na Rocha que nos dá sustentação e tomarmos como exemplo o apóstolo Paulo que, em sua carta aos Gálatas, nos deixa em registro:

– “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vive-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20)  
A manhã me encontrou e tornou minhas reflexões em linhas, tais que puderam registrar o encontro de uma noite acalorada, em que a partilha da pesca nos rendeu muitos peixes. 

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Eis que ao tempo me rendo e o computo. Estas linhas me renderam bons 120 minutos (duas horas) a meditar, pesquisar, estudar, redigir, ler e reler e, por fim, compartilhar este estudo em forma de reflexão; linhas estas abertas a novas linhas, a novas meditações e reflexões.
Rendo-me a inspiração Divina, em agradecimento, que me proporcionou este momento tão gratificante.
Manhã de quinta-feira 04 de outubro de 2018 - 8h30 às 10h30) 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

COMO ESTÁ NOSSO CONTRATO COM O TEMPO?

por Inajá Martins de Almeida

“A vida é um grande contrato de risco. E uma das cláusulas mais importantes desse contrato é que devemos viver cada dia como um novo capítulo e cada capítulo como uma aventura. Quem se aprisiona no cárcere da rotina não sonha não se recicla, não aprende mais. Deixou de ser autor da própria história, tornou-se um zumbi, ainda que fisicamente viva." (p.161)

"Deus dá tinta e papel e nós escrevemos nossa história.”  (p.177)

O homem mais inteligente da história - dr.Augusto Cury

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Seria nossa existência um contrato de risco? Percebemos ou temos ciência disso? Ademais, será que temos ideia do infinito sobre nós?...


Livros, leituras e fotos e fatos sempre me instigam... 

A partir dessa frase, a partir dessa proposta (contrato de risco), avancei em conjeturas. É para isso que um bom livro nos direciona – ao livre pensar, ao livre escrever... 

Também me encontro na foto, eu Inajá, protagonista da cena, em contemplação, aquela em 2010, tão presente em 2018 - um presente para meu presente. 

O tempo passa, mas ela, a imagem, o fato permanecem - de fato. Momentos que se podem reproduzir. E passo a rememorar o que Élvio me dizia e deixou escrito que "tudo o que é bom dura o suficiente para ser inesquecível." 

Assim é que o primeiro questionar direcionou-me aos 365 dias – um ano. A partir daí as 24 horas que cada um de nós recebeu – a ninguém mais ou menos. Portanto 8.760 horas a nós disponíveis todos os anos.   

Ao mesmo tempo em que penso em dias e horas, volto-me aos minutos e sigo em multiplicação, quando encontro a cifra 1.440 minutos cabem em uma hora. Assim, 525.600 minutos representam nossos 365 dias. 

E os números se agigantam: unidade, dezena, centena, milhar, milhão. 

E nossa vida!... Nossos dias!... Como transcorrem?... Computamos seus dígitos?...

Recorro às Escrituras e esta me diz:

“Todos os nossos dias se passam... Acabam-se como um breve pensamento. Os dias da nova vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta”...

[mas também nos fala da canseira e do cansaço]


“Tudo passa rapidamente e nós voamos.” (Sl 90:9-10)



Percebi que meus dias avançam, assim, a partir deste instante, inicia-se em mim o inventário dos meus anos - 1950 / 2018 - 68 anos.




O segundo questionar me leva a outras interrogações... 

- Será que estou tornando produtivos meus anos, dias, horas e minutos? Tenho mantido um contrato com minha existência e, principalmente com Aquele que me legou vida? E mais uma vez recorro a Palavra, quando encontro o salmista com suas dúvidas e questões, similares, em dias passado, tão presentes em dias atuais.

“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.
Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias.
“Alegra-nos por tantos dias quantos nos tem afligido, por tantos anos quantos suportamos a adversidade.” (Sl 90:12,14-15)

Ademais...

“Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus;
confirma sobre nós as obras das nossas mãos”. (Sl 90:17)

Assim meu terceiro questionar levou-me a concluir que, realmente Deus, o agricultor nos fornece tinta e papel, quando nos diz que somos os ramos da videira e, se estamos nEle, temos de produzir mais e mais frutos. Sem Ele nada podemos fazer – nossos minutos, horas, dias e anos terão significado algum distante de Sua presença.

E o melhor de tudo, nesse contrato, que o autor psiquiatra Dr. Augusto Cury nos diz de risco –interessante sob ponto de vista literário – é que a Palavra me direciona ao contrato real e verdadeiro, em que risco algum pode nos acometer, quando escreve e deixa registrado para sempre – não só para ontem – 

“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vedes e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vô-lo conceda.” (Jo 15:16)

Assim foi que ao concluir estas linhas, a Palavra que me encontrou pode também me saciar e me dar a plena certeza e convicção de que:

Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”. (SL 125:1)


ET: 


Quanto tempo pude computar para compor este texto? Entre leituras, pesquisa, esboço, escrever, revisar, cortar, acrescentar... (duas horas = 120 minutos). Porém, não fora inspiração de Deus, essas linhas não se reproduziriam... Grata eternamente Senhor. Produz em mim Seus frutos.    

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

ENDIREITAI O CAMINHO DO SENHOR

"Eu sou a voz do que clama no deserto: - endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaias". Jo 1:23

Em meio aos dias atuais, ouvimos vozes que clamam no deserto árido, sombrio; vozes que se alimentam da Palavra; vozes que procuram viver e vivenciar a Palavra, num mundo entre fariseus e publicanos...

- "Quem és tu?" há todo momento a pergunta paira no ar - soberba, insolente, incrédula, sarcástica...

E percebemos o quanto é difícil endireitar o caminho para muitos - para outros tantos, impossível...

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

QUEM PODERÁ ROUBAR NOSSOS SONHOS?


por Inajá Martins de Almeida


Estamos morrendo sem o perceber. Estamos passivos ante a velocidade com que o mal prolifera e nos mantemos atados, com respostas evasivas, passivas, tais como:
“final dos tempos...”
“a Palavra está se cumprindo...”
“no final dos tempos o amor se esfriara...”
“Haverá inversão de valores: o certo estará errado; o errado certo...”
“normal...”
Não... Não... Não... Não devemos nos deixar quedar ante o inimigo insolente que está querendo roubar nossos sonhos melhores – o sonho de Deus.

Davi se levanta. Olha as possibilidades ao seu redor e agarra – apenas uma funda e uma pedra. A sua frente o temível gigante que a todos amedronta, agora o afronta... Será?

Davi clama... Sabe que o que está com ele não é a pequenez do seu tamanho, a fragilidade das suas forças, a inexperiência da idade – menino ainda – mas sim dAquele que lhe prepara o reinado vindouro e esboça:

- Você vem com seu escudo, com sua espada – eu vou com meu Deus.

Precisamos encontrar Deus. Conhecer Deus. Caminhar com Deus. Seguir com Deus.

Davi se levanta. Golias cai por terra. Deus clama vitória.

Temos de encontrar nossos Davis. Despertar nossos Davis. O mundo clama por Davis.

Quem poderá enxergar as possibilidades?

Quem poderá retirar de si as sandálias?

Quem estará apto a ser enviado?

Quem poderá dizer: - “eis-me aqui”?

Quem poderá lutar com anjos, pela benção de Deus?

Quem poderá permanecer em torres de vigia em apelo a Deus – “Até quando”?

Quem poderá clamar por justiça?

Homens do passado – tantos. Temos de encontrá-los – em nós. Temos de resgatá-los – em nós. Tirá-los do papel da história e nos tornarmos partícipes na mesma obra. Do mesmo teatro. Trazê-los próximos de nós e nos tornarmos unos com eles.

Não podemos nos permitir os bastidores ou platéia – um a se esconder, outro assistir.

Não... Jamais...

Temos de ocupar o palco e representar nosso papel. Sermos protagonistas no cenário global. Porque há insolência no ar. O inimigo está insolente, querendo assolar ao seu redor.

Vamos resgatar o passado. Os personagens que tanto nos inspiram com sua mensagem e garra. Sermos no presente o que almejam para nós.

Homens e mulheres virtuosos... Onde encontrá-los?

Existem sim...  

Portanto... Quem poderá roubar nossos sonhos?


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

VOCÊ NÃO DESISTE NUNCA – ME DIZ


por Inajá Martins de Almeida

Poderia ter sido uma manhã como tantas outras – um quarto, uma cama quentinha, um cafezinho servido a bom gosto, livros a cabeceira; em mãos apontamentos vários – mas não o fora.

Poderia ter sido o local dos meus devaneios matinais, mas não o fora.

De repente... Tudo me era novo: corredores imensos, paredes brancas, faixas, de um marrom claro contrastando, a quebrar aquele imenso gelo de paredes. No chão, faixas coloridas – azul, verde, vermelha – apontavam direções e caminhos.

Pessoas circulavam – cadeiras de rodas, macas, equipamentos diversos; passos firmes, compassados, cada qual a seu ritmo, numa melodia harmoniosa coloriam, vibravam no espaço em tons que brilhavam e espargiam no ar.  

Olhares cruzavam-se –  sombrios, vagos, temerosos alguns; alegres, esperançosos outros mais.

Eis que, a um canto, sentada em pensamentos um caminhar me faz acompanhar aquela dança que, calmamente era executada por passos retos, firmes, seguros de si, num andamento que mais parecia uma marcha em desfile cívico.

Na sala, aquele que me trouxera até este local, aguardava a outras baterias de exames, a que nos últimos meses se vira obrigado a fazer.

Uma silhueta de mulher, esguia em seu pijama azul de algodão, echarpe preto com frisos brilhantes adornava-lhe o dorso, cobria parte de suas costas, terminando por um singelo nó, bem aprumado no colo. Um turbante colorido escondia a queda dos cabelos; um par de brincos iluminava aquele rosto que se tingia de rosa, iluminava os lábios que sorriam e fazia saltar àqueles olhos que espargiam alegria em agradecimento a vida. Era a elegância, a figura de mulher elegante, como pouca, a desfilar naquele corredor, agora improvisado em passarela, aos olhos atentos de quem pode observar cena ímpar.

Quis esboçar, em palavras, meus pensamentos, mas... Retraí-me, envergonhei-me e calei e apenas pude expressar um breve bom dia, deixando seguir aquele ser esguio que tanto me impressionou a postura.

Agora, ao cair da tarde a praça da rodoviária, um banco de cimento, árvores ao redor, poucas pessoas podem ser testemunhas destas linhas que acompanham o retorno a casa.

Lembranças daqueles brancos corredores, daquelas rampas que se alongavam entre declives e aclives, fazem-me companhia. Um quarto repleto de aparelhagem. Corpos inertes. Ali aquele que tanto me corresponde aos anseios, aquele que durante tantos anos me tem significado o sentido da vida, clama pela saúde que se debilita ao questionar indolente da doença que luta entre vírus interiores.

Agora são as linhas que me encontram e, ao mesmo tempo em que se escrevem ao me escrever, almejam o próximo reencontro, sempre uma caixinha de surpresa, ante os acontecimentos em que os minutos, que não tem pressa em se apressar, tornam-se mutantes, no mesmo patamar das lutas que se travam entre corpos interiores e equipe externa que não se rende aos fatos.

E, como há pouco pude me alegrar aos ouvir – “você não desiste nunca”, posso também almejar que, o mesmo bom senso que me soube expressar, compreenda que o não desistir faz parte da caminhada, tendo expressivo significado para a conclusão dos acontecimentos que se desenrolam.

Que realmente, não há como desistir, quando se tem a certeza de que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem com a manhã" como nos ensinou o apóstolo Paulo.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

HERANÇA DE ADÃO


por Inajá Martins de Almeida

Todas as coisas foram criadas por Deus: céus e terra, luz, água, luzeiros no firmamento dos céus, animais para povoarem as águas, o  homem; feito sua imagem e semelhança, poderia ter domínio sobre todas as coisas por Deus criadas.

A tudo viu Deus o quanto era bom, porque a terra era sem forma e vazia e seu Espírito pairava sobre o abismo e as trevas.  

A terra sem forma e vazia, trevas cobriam a face do abismo. Sobre as águas pairava o Espírito de Deus. Bastava, contudo, um comando –  “Haja luz”... e houve luz.

E houve separação entre luz e trevas; dia e noite se identificaram. Águas se separaram, formaram Mares. Terras secas se juntaram e começaram a produzir relva, frutos e semente.

A tudo Deus achou bom.

No firmamento luzeiros apareceram – separaram-se dia e noite, estações para dias e anos.

Seres viventes povoaram a terra e os mares. Também a tudo Deus achou bom. E se era bom todas as coisas criadas, bastava à Criação criar o homem a sua imagem e semelhança e assim o fez e também achou bom.

Ao homem a incumbência de cultivar e guardar o jardim do Éden; tudo lhe era permitido comer, menos da árvore do bem e do mal. Sua condição humana imputava-lhe responsabilidade pelos seus atos, em detrimento da soberania do seu Criador, a quem deveria obediência e acato as ordens.

E Deus observava o homem e pensava não ser conveniente que este vivesse só, pois  faltava-lhe uma auxiliadora que lhe trouxesse alegria.

E Deus fez cair o homem em sono profundo e, da carne de sua carne, criou Deus a mulher e ambos se relacionavam e de sua nudez não se envergonhavam. 

Até que o desacato, a desobediência vem de forma sorrateira através da imagem de uma serpente. A mulher é o alvo central. Enganada come do fruto proibido e o dá ao homem que não se atém a adverti-la ou coagi-la do engano.

Ah enganoso o coração do homem... E corrupto... Quem o conhecerá? Deus!

E logo perceberam a nudez e se esconderam. Os dois não podiam se olhar – criou-se ali uma barreira. Buscaram cobrir-se, afastarem-se um do outro. Percebia-se naquele momento a desordem a instalar-se no âmbito familiar. Os dois que formavam uma só carne, agora se envergonhavam da própria conduta, ademais, quando se pensa que caminharão lado a lado eis que são interpelados:

- Onde estás?

Esconde-se o homem, porque tem medo da sua atitude – comeu do fruto proibido – da sua nudez, pior ainda, não chamar para si o erro e o atribui a mulher:

- A mulher que me deste como esposa me ofertou o fruto, e eu comi.

E Deus questiona a mulher e esta se diz enganada pela serpente, pior do que isso a inimizade ali se instalara, de geração em geração, abria-se sombras tenebrosas. O pecado consumiria corações e lares.

A herança de Adão nos faz olhar sempre o pior nas pessoas, como a dizer:

- veja a mulher que o senhor me deu.

Enquanto Deus a tudo achava bom, o homem – Sua criação – reduziu-se às trevas, ao lado disforme, vazio; despiu-se do Espírito de Deus, voltou à condição de pó, de barro, teria agora de ser trabalhado, remodelado, a fim de reconquistar aquilo que lhe fora entregue pelo mover de Deus que a tudo achava bom.

Envergonhava-se, agora o homem, de sua condição de nudez – física, mental, espiritual.  

Teria, pois de percorrer longo caminho para a árvore da vida. 

(Ge 1 / 3) 
  

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