domingo, 15 de dezembro de 2013

DA ILUSÃO PARA A LUZ

texto de Inajá Martins de Almeida

Da janela, oitavo andar, avisto a paisagem. Prédios esguios se levantam. Luzes cortam a escuridão da noite. No céu não se vêem os luzeiros, apenas grossas nuvens carregadas.


Há pouco, ventos fortes fizeram-se ouvir à distância e pesada chuva derramou sua ira nas calçadas, invadindo espaços transbordando o córrego, que margeia bairros e região central, da bela cidade interiorana paulista – "Califórnia brasileira". Entretanto, pessoas dormem seu sono de morte. Mal percebem o sucedido. Pior, ainda, o que está por vir..

Carros, céleres, cortam o cruzamento. Na academia, o som elevado, da música estonteante, invade lares, sem ao menos pedir licença. No bar da esquina, pessoas à mesa, bebidas ao lado, risos frenéticos, vazios, inflamados, desconexos, não conseguem perceber os sinais que se apresentam.....


Eu penso: Quanta asnice! Quanta ilusão!i

Um carro acelerado passa desenfreado. Seu condutor, sem ao menos se aperceber, mantém exagerado som, que se faz ouvir a quarteirões de distância, quebrando o silêncio do avançado da hora. Todos correm para a luz do mundo. Para o falso brilho que este proporciona..

É tarde. No silêncio interior, volto, então, meus pensamentos, para meu Criador..

Há tempo atrás o mundo também me fascinava. Olhava para o brilho das luzes da cidade sem, contudo, me dar conta, que uma luz maior, iluminava meu caminho.

Casa, carro, bom emprego, parentes, amigos. Tanto conhecimento adquirido... As luzes do palco, os aplausos. Buscava, como tantos o estrelato, muito embora, não sendo artista dos palcos. Artista no cotidiano..

De repente, tudo se tornou ilusão. Nada mais fez sentido. A máscara caiu, descerrou o pano e tudo se tornou claro, como um dia de sol. A luz brilhou internamente, e fez nascer uma nova criatura. Passei a olhar para a luz, aquela que me iluminava e me senti pequena, perante a imensidão do universo..

Da janela, então, enquanto vislumbrava uma paisagem breve, as poucas luzes cintilando, um pedacinho de céu, escuro sem estrelas, sem luar, bem o sabia, que fora ali, cenários vários se apresentavam a outras pessoas..

Busquei meu Salvador. Vislumbrei Seu sacrifício, Suas chicotadas, Suas mãos perfuradas.

Olhei para o madeiro no alto do monte. Enquanto seu corpo – na vertical – erguia-se para o Pai, Suas mãos estendidas – na horizontal – desejava abraçar toda a humanidade..

Revivi suas dores, os escárnios dos que olhavam e blasfemavam. Senti Suas lágrimas, Sua tristeza de morte. Ouvi o som de Sua voz perdoar o pecador e, o colocar a Seu lado, na morada infinita. Mais ainda, em meio a tanta dor, a generosidade do Seu Espírito Imaculado suplicar:

- Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem.

Breve silêncio... Como Bom Filho, entregar seu Espírito ao Pai, ao emitir o último som:.

– Está consumado..

Prostrei-me envergonhada, perante Seu imenso amor, ao mesmo tempo agradecida, por alcançar a luz do entendimento. Por ser alcançada pela luz do meu Redentor..


O mundo, lá fora, continua. O cenário é o mesmo. Nada mudou. Carros, sons ensurdecedores, academias, bares, mesas depositadas nas calçadas, risos, falas inflamadas: Futebol, seleção, novelas, carnaval, televisão, quanta religião. Enfim... Quanto engano... Quanta ilusão... Nada novo se apresenta apenas, aqui dentro, algo se transformou..

Olhei para a luz que brilha e que ilumina o artista. Não mais busquei ser artista, e sim ser a própria luz: ser o próprio brilho Daquele que emana a luz..

Antes, louca pela vida, pelos fugazes prazeres que ela pudesse me proporcionar, agora, depois desse encontro, real e verdadeiro, com Aquele que me deu a vida, que me mostrou o caminho....

Louca! Louca sim. Mas louca por Jesus!


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

HERÓIS DE VERDADE O QUE FAZEM COM SEUS SONHOS?

texto de Inajá Martins de Almeida

Se uma leitura não nos toca. Não nos fala. Não nos transforma. Não nos informa. Não nos dá novos direcionamentos, porque a tal – leitura?

Um tema. Um texto. Um livro. Um autor. Um leitor. Reflexões podem nos inquirir. Podem nos aquietar. Podem nos levar ao desassossego. Porque também “há momentos em que tudo cansa até o que nos repousaria!” (Fernando Pessoa – O livro do desassossego” (1)).

Porém, leituras podem e devem nos trazer novas reflexões e passamos a discernir, a compor a trama que enredou nosso pensar.

Assim seguem: escritor e leitor. Heróis de verdade. Juntos. Mãos dadas. Pensamentos irmanados ao mesmo pensar compactuam as falas. As prosas. Os versos.

Quantas vezes é a teia da aranha que nos enreda. Que nos seduz. Que nos envolve. O dia-a-dia falaz. As máscaras – quantas. E, quantas são às vezes em que abdicamos do nosso ser e nos perdemos no ter, quanto mais no estar.

Casas imensas. Labirintos. Perdem-se por entre corredores tortuosos, nossos sonhos. Paredes se entreolham.  Frias – nada dizem. Janelas, ricamente ornadas por cortinas, não permitem o vislumbrar da paisagem bucólica que a natureza premia diariamente, no contexto gracioso da grande Obra Divina.

Carros que dão “água na boca” quando se percebe suas linhas aéreas, futurista. Distante de nossas posses, nosso desejo divaga e cria perspectivas distantes, tão distantes, quanto distantes permanecem os que se encontram tão próximos.  Sonhos fracionados. Divididos de forma desigual. Interesses distantes distanciam os próximos.     

Novas tecnologias abreviam tempo e espaço. Tornam próximos os que se encontram distantes. Distanciam os que próximos se encontram. Contra-senso.  Era virtual. Era real. Era tecnológica. Muitos correm de um lado para o outro. O conhecimento se multiplica. O que nos aguarda o tempo, afinal? Daniel encerra as palavras num livro. Aguarda o tempo. Tempo, ao seu tempo há de cumprir.   (Dn 12:4)

Entretanto, entre os devaneios das linhas quantos são os que podem perceber que os sonhos se iniciam por meio de desejos e vontade em realizá-los.

Era Jacó que teve um sonho. Uma pedra lhe servia de travesseiro. Herói de verdade não se importava com a condição momentânea e observava a escada que se apoiava na terra, mas que seu topo alcançava os céus. Anjos subiam e desciam por ela. (Gn 28:12) É a Palavra que relata o sonho de um herói do passado. Agarrava-se ao anjo e solicitava a concretização de seu sonho. Jacó sonhava o sonho de Deus.

Somente Deus sabe dos planos para nós. Os pensamentos que detém sobre nós. Pensamentos de paz e não de mal, para que possamos atingir o sonho almejado. (Je 29:11)

E lá vem outro sonhador. José – filho de Jacó. Um dos mais jovens de vasta família, como almejar pudera ser o herdeiro da primogenitura, quando a escravidão o aguardava. Porém, a cisterna não lhe fora obstáculo, tão pouco celas por que passara, antes, ao sonhador, bastava o sonho da promessa: os maiores se curvariam ao menor. E se torna administrador da maior parte do grande império da época.

E é outro José que em sonho lhe é revelado acolher Maria, a quem conceberia pelo Espírito Santo. (Mt 1:20)    

Herói de verdade. Diante de Ti todo joelho se dobra e toda língua confessa que és Deus. (cf. Rm 14:11)

Heróis de verdade que não se importam se suas raízes se forjam entre linhas ou contas e passam a compor monumentais trabalhos que registram fatos históricos. Usam areia, cimento e tijolos e em edificações se projetam, ganham o sustento, embalados ao fole da sanfona.

Heróis de verdade que tem conhecimento de que os velhos sonharão; os filhos e filhas profetizarão e que os jovens terão visões, pois o profeta Joel alertara (Jl 2:28)

Heróis de verdade que, ainda que não se apartem da transmissão do conhecimento necessário que os tempos modernos impõem, possam agregar valores impagáveis – a formação do caráter. Que não se deixam vencer pelo mal, mas o vencem através do bem. (cf. Rm 12:21)

Heróis de verdade que possam assumir os próprios erros e não se eximir dos tais. Aliás, herança do paraíso distante que insiste em permanecer presente.  Fora a mulher que me deste por companheira. Quem sabe a cobra! Desta feita, perdendo-se no paraíso, o sentido de se tornar heróis de verdade – homem e mulher. Varão e varoa.

Heróis de verdade, que possam olhar para os próprios erros e se observar como espectador no grande teatro da vida.

Será que nos aprovaríamos? Será que continuaríamos a nos sentir heróis?

Heróis de verdade que possam observar a própria incompetência da auto-estima denegrida por uma sociedade que busca, na hipocrisia, subterfúgios para se omitir o que realmente seja o ser, o ter e estar.

Cada qual com sua conotação. Há que ser, quando na realidade não se é. Há que ter, quando não se tem. Quanto mais estar, quando na realidade não se deseja estar. Mundo de aparência. Busca-se incessantemente “parecer”. Cópias de astros influentes na mídia, quando na realidade o que deveríamos ter em mente são as orientações do apóstolo Paulo quando a dizer:

“Sede meus imitadores como eu sou de Cristo.” (1Co 11:1)

Importante parecer com alguém de sucesso. O parecer de alguém me faz mais importante. Quanto engano! Parece que sou! Parece que tenho! Parece que estou! Entretanto, ao que parece não se é, não se tem e quem sabe até não se está.

Mentir. Mentir. Mentir se tornou sustentáculo de uma sociedade corporativa. Nossos antepassados, quem sabe nossos pais, avós, sentir-se-iam lesados ante os valores invertidos. Até nos advertiriam para que não nos conformássemos e não nos rendêssemos a eles, antes nos transformássemos para que pudéssemos fazer a diferença e a vontade do Pai. (Rm 12:2)

Quantos se rendem às fraquezas: aplauso, aceitação e segurança. Quanto mais ao padrão  imposto pela sociedade de que é preciso: sucesso, felicidade, consumismo, “fazer do jeito certo”. Entretanto, o sucesso, a felicidade e o consumo, são atributos peculiares a cada indivíduo. Não há como imaginar uma regra que possa ser imposta a não se cometer erro.

Heróis de verdade. O que fazem com seus sonhos para se tornarem, afinal Heróis de Verdade?

Mentem? Forjam? Pensam mais no próprio querer egoísta, em detrimento ao pensar sábio pela fé que Deus a cada qual disponibiliza?

Ou...

Heróis de verdade que se transformam, para provar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (cf Rm 12:2,3)

Heróis de verdade que combatem o bom combate incessantemente. Guardam a fé. E podem com convicção plena declarar:

“A coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2Ti 4: 7,8)

Heróis de verdade sabem quem é a videira e quem são os ramos. E sonham...

Heróis de verdade sabem que sem Deus nada podem fazer. (Jo 15:1,8) E transformam sonhos em realidade. 

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O texto fora escrito sob inspiração a partir da leitura, via internet, da entrevista concedida a   Camilo Vannuchi pelo psiquiatra,  escritor e conferencista Dr. Roberto Shinyashiki.

Acesse o link e leia toda a entrevista

A partir de então, as linhas  fluíram. Nova conotação foi apresentada. Textos bíblicos incorporados. 

Heróis de Verdade, o livro, não fora lido por esta que escreve, mas a entrevista dá uma pincelada do que possa ser o tal.

Amei estar aqui. Amei compartilhar estas linhas. 
Agradecida sou a Deus por este momento. 
Boa leitura.
A tantos quantos chegarem aqui meu muito obrigada.  

Inajá Martins de Almeida



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