domingo, 23 de junho de 2013

TENDÊNCIAS

Texto de Inajá Martins de Almeida


Há palavras que nos soam interessantes e nos fazem deter tempo prolongado em sua análise. É a tendência inquiridora que nos permite a pesquisa. Mas, afinal o que é essa tal tendência. Uma palavra apenas? Uma inclinação?

Tendência aos livros. Tendência às letras. Tendência às lãs... Tendência às linhas... Tendência a moda. Tendência... Tendência... Tendência... Cada qual manifesta a sua. 

Um ponto de vista que alcança uma vista há que ser uma tendência? Bem! Vamos lá...

O dicionário nos diz ser tendência um substantivo feminino que designa força pela qual um corpo é levado a mover-se em direção a alguma coisa. Exemplifica como a tendência dos corpos para a terra.

Num sentido figurado diz ser uma inclinação, um pendor. Assim podemos predispor as inclinações para o sexo, drogas em geral, roubo, crime, mentira e aí vai.

A Psicologia qualifica a tendência como certos instintos, impulsos do homem, especialmente na medida em que esses instintos ou impulsos são conscientemente experimentados no comportamento que determinam.

Gosto muito quando chego aos sinônimos e percebo tendência uma aptidão, capacidade, habilidade, inclinação, jeito, moda, orientação, predisposição, propensão, qualidade, vocação.

Podemos então detalhar alguns pontos que nos chamam atenção, na medida em que também podemos e devemos atentar para nossas aptidões. No que eu me vejo mais habilidoso? Qual a minha inclinação maior? Minha vocação?

Em criança,  via-me envolvida com as agulhas, lãs e linhas de minha mãe. Meu pai sempre enredado aos livros. As linhas compactuavam a escrita de suas mãos. Sustentáculos de suas pesquisas. Apontamentos editorados. Assim logo me conduzi às lãs, linhas e livros. Tornei-me artesã das linhas, por formação pessoal. Bibliotecária por formação acadêmica e profissional. Os livros me conduziriam às linhas as quais passariam a me tecer e a me escrever.

Fora, portanto, a  tendência, a inclinação dos meus pais, que logo me levaram a descobrir minha vocação. Estar entre lãs, linhas e livros entretece meu ser a cada dia.

Até aqui parece tranqüilo, não é mesmo? Mas e os percalços?  E os burburinhos dentro de nossa mente. O que almejo e não posso obter. A luta com o que em mãos tenho ante o desejo distante, quiçá inalcansável.

Quantas vezes nossas tendências nos levam a práticas não compreensíveis, ao ponto de termos a observação do apóstolo Paulo a nos dizer que: “... o que faço não o entendo,  porque o que quero, isso não pratico, mas o que aborreço, isso faço... Miserável homem que eu sou! (Rm 7:15-25)  

Ah! O apóstolo Paulo. Tantos personagens impolutos que permeiam a Palavra. Aí uma janela se abre. A leitura. A inclinação para as coisas do Alto. A tendência que a uns fascina. A mim transporta-me para muito além das linhas.    

A tendência aos poucos vai se formando e forjando o ser, o caráter. Experiência pessoal, observação através de condutas, literaturas, pesquisas diversas levam ao desfecho, quando se percebe a prática do bem e do mal atuando na humanidade. 

Miserável sim! Seremos nós se o que sentimos aborrecer praticamos, em detrimento ao nosso querer e não fazer. Indolência. Convite ao campo de conforto. O não trabalhar sobre a tendência – se negativa ou positiva.

Como assim? Claro! Se o normal segundo a Lei é não  matar, não roubar, não praticar falso testemunho e minha tendência leva a tal, o que devo fazer? Lutar contra essa tendência adversa à Lei. Deixar de “aborrecer”.

Amar a Deus acima de todas as coisas. Amar ao próximo. Amar a mim mesmo. Tendência saudável. Inclinação ao Divino. 

Caminhos de vida ou de morte. Tendência a prática do bem ou do mal. Livre é o arbítrio. O veredito e a sentença somente o Justo Juiz detém.   


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3 comentários:

Anônimo disse...

Tendência,inclinar. Será que é como a lei da gravidade que nos atrai, atrai a matéria.Fico a pensar a tendência será aquela força que nos atrai? Interior ou exterior? Que nos atrai e distrai, ou que nos atrai e nos faz crescer, evoluir.....
Obrigado

Inajá Martins de Almeida disse...

Caro leitor
Ótima observação. Colocou-me a pensar mais ainda. Nossas inclinações.
Observando uma criança, ainda no colo da mãe, percebemos suas inclinações de posse. Quem a ensinou. Que exemplo teve?
A criança cresce... As inclinações necessitam trabalho árduo. Primeiro os mais próximos: pais, depois seguem professores e assim vai.
Entretanto, a cada um de nós sobrevêm o querer maior: trabalhar sobre nós mesmos.
Acatar o que o apóstolo disse e transformar mesmo nossa natureza, buscando o divino, aquele que o tem como alvo.
Porém, há os que se envolvem com o outro...
É o livre arbítrio.
Para o apóstolo o viver é Cristo. Para mim irmano-me a este. Não sou mais eu quem vivo, mas Cristo vive em mim.
Isto daria um novo texto.
Obrigada pelas palavras encorajadoras.

Anônimo disse...

Obrigado expor e ampliar a visão sobre este bom texto. Só fiquei a pensar. Manisfestar tendência, muitos morrem pelas suas tendências. Boas ou más, construtivas e ou destrutivas.
Obrado !!!

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