quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SEMPRE VOU LEMBRAR - Adilson Silva


Sempre vou lembrar, da coragem,
Do amor, da firmeza e Bondade, a fé e devoção
Da igreja do tempo de Paulo, de Pedro e João
Que enfrentavam a fúria de Roma
Mas nunca negavam sua fé de cristão
É um exemplo pra mim, verdadeira lição
Eu queria ver a bravura dos santos
Em plena arena, enfrentando os leões
Quando mais a fogueira queimava
Se ouvia o louvor dos nossos irmãos
Sobre o sangue tombavam nas ruas
Chegavam no céu com a vitória nas mãos
É um exemplo pra mim, verdadeira lição
Coro
Oh meu Deus!
Reaviva tua igreja de novo
Faz Tua chama arder neste povo
Como eram os primeiros cristãos
Oh meu Deus!
Reaviva Tua Igreja de novo
Faz Tua chama arder neste povo
Começando em meu coração
Eu queria ver a bravura dos santos
Em plena arena, enfrentando os leões
Quando mais a fogueira queimava
Se ouvia o louvor dos nossos irmãos
Sobre o sangue tombavam nas ruas
Chegavam no céu com a vitória nas mãos
É um exemplo pra mim, verdadeira lição
Coro
Oh meu Deus!
Reaviva tua igreja de novo
Faz Tua chama arder neste povo
Como eram os primeiros cristãos
Oh meu Deus!
Reaviva Tua Igreja de novo
Faz Tua chama arder neste povo
Começando em meu coração!


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

LUAR DE SANGUE NO CÉU DE FRANKFURT



Jefferson Magno Costa


Ó lua indiferente e solitária
no céu de Frankfurt!

No silêncio desta noite gelada
posso ver em teu rosto pálido
o pálido brilho dos rostos
que te contemplaram pela última vez
em uma noite como esta.

Posso ouvir o silvo dos trens
sobre os trilhos rasgando a noite
com sua carga de corações rasgados.

Posso ouvir o choro da criança pedindo
a água que sua mãe não tem,
e ver os olhares de desespero
cujo brilho será apagado
nos campos de extermínio.

Meu olhar sereno sabe
que tu és a mesma serena lua
que foi contemplada pelos olhares
de pranto e adeus daqueles que,
através das frestas dos
vagões dos trens,
viram pela última vez
tua imagem que as lágrimas distorciam. continue lendo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A QUEDA DO HOMEM

Texto de Inajá Martins de Almeida

Seria bom o homem viver só?

No princípio a tudo Deus criara. Arquiteto do Universo, de forma magistral, planeja cada passo a ser dado. A terra sem forma e vazia. Trevas. Abismo. Mas Seu Espírito se movia. Deus arquitetava. Deus planejava. Deus trabalhava. Deus colocava em ação seus planos.

Ao som de Sua palavra houve luz. Água e terra se separam e se juntam. As estrelas iluminam o firmamento. Seres viventes povoam terra e mar. À obra, todavia, faltava-lhe algo...

Deus se maravilhava. A tudo acha bom. Gosto deste momento. Fico a imaginar Deus se maravilhando das obras de Sua mão. A natureza, as flores, os pássaros, os animais que correm soltos no Édem. As estrelas, a noite, o dia, as águas, a terra.

Estaríamos nós a nos maravilhar ante todo esse espetáculo diário? Será que o emaranhado de afazeres tem nos privado de olhar para a obra que Deus nos legou e agradecer a cada manhã e a cada fim de dia, quando então podemos repousar?

Mais ousados ainda. Podemos nos maravilhar de nossas atitudes. De nossas ações. De nossos feitos. De nosso trabalho. De nosso caminhar com Deus?

Bem... Se não de todo, tento pelo menos apreciar e agradecer o dom da vida que me foi dado de graça, pela graça, para a graça dEle.

Deus, porém, pensa num ser que lhe fosse semelhante. Que dominasse e atribuísse nomes a todos os seres viventes. Que frutificasse e multiplicasse Sua obra. Eis que do pó da terra cria o homem, sopra-lhe as narinas e o fôlego da vida faz entrar.

A ele dá a incumbência de lavrar e guardar Seu Jardim. Autoriza o livre acesso aos lugares, às árvores frutíferas que lhe dará o alimento, apenas uma objeção à árvore do conhecimento do bem e do mal deverá ser intocada. Portanto, ao homem restava-lhe obedecer.

E o homem vivia seus dias, até que Deus zeloso, observador percebe a solidão em que se encontrava e da parte central do seu corpo, da sua costela, cria aquela que seria sua auxiliadora. Que caminharia a seu lado. Carne de sua própria carne. Ossos dos seus próprios ossos. A varoa, tal sua semelhança.

Que maravilhoso pensar no cuidado de Deus para com o homem. Mas, eis que a desobediência adentra os corações e aquele a quem lhe fora solicitado cuidar e zelar de toda criação de Deus, desobedece, levado por uma palavra de sua adjutora. 


Avançam o sinal vermelho. Desrespeitam a ordem primeira. Conhecem o pecado. Tornam-se pecadores. Perdem o paraíso. Tornam-se mortais. Enganados são pelo mais astuto dos animais – a serpente. Ardilosa,  irreverente, intransigente, insolente serpente.  

Aquele a quem Deus confiara agora não assume o próprio erro – “a mulher que me deste por companheira me deu a comer da árvore... e eu comi”


Foram enganados. Enganaram-se ante as respostas afiadas. Percebem-se nus. Sentem a vergonha do engano e buscam se esconder.

É diferente nos dias atuais? Não procuramos culpados às nossas próprias falhas, à nossa própria desobediência?

Jesus pagou o preço de nossos pecados. Ainda devemos persistir? 





domingo, 16 de outubro de 2011

EIS QUE TUDO SE FEZ NOVO

Texto de Inajá Martins de Almeida

Tenho pensado e meditado muito nas palavras do apóstolo Paulo. Não é ele que nos exorta a sermos novas criaturas em Cristo Jesus? Que as coisas velhas podem passar e tudo se fazer novo?

Ao mesmo tempo em que me encontro a maravilhar ante a expectativa de um futuro promissor nos caminhos do Senhor, o inimigo, aquele que anda a nosso derredor, traz à lembrança um passado que insiste e persiste em voltar e permanecer, constantemente. Um passado o qual, Ele mesmo já nos lavou e nos perdoou, mas que o inimigo encontra brechas para trazer a tona lembranças atrozes que nos impedem a caminhada.

Por que não podemos olhar para grandes exemplos que a Palavra nos deixa? Por que não almejamos fortemente colocar em nossa mente que as coisas velhas passaram e que somos novas criaturas no presente? Seria outro Jesus? Estaríamos criando um Jesus adaptado aos nossos gostos e sentimentos? Um Jesus para os dias modernos?

A citar apenas alguns casos fantásticos, percebemos ser possível abandonar a velha criatura e nos revestirmos com a nova. Basta apenas uma mudança de pensamento. Uma mudança de conduta. Um querer mudar. Um querer se transformar.

Basta que criemos pontes e não levantemos cercas. 

Não fora assim com o paralítico que há anos sofria de um mal incurável? Não foram perdoados seus pecados, ao invés de ser curado daquela doença?

Entretanto, uma palavra a seguir pode nos chamar atenção. Jesus já havia perdoado os pecados do paralítico. Não sabemos quais, agora pede para que se levante, tome o próprio leito e ande.

Restava ao homem recém-perdoado se levantar. Exercitar a obediência. Deixar para traz a velha criatura, o velho pensamento, a velha prostração. Tomar o leito da própria sina em que se encontrara por longos anos. Perceber que fora pecador, mas agora podia vislumbrar da plena liberdade dos pecados perdoados. E caminhar. Sair daquela situação que o privara por longos anos de uma vida digna, saudável. Assim o fizera. Um capítulo se fecha ali. Basta-nos apenas saber da obediência do paralítico e dos amigos que o encorajavam.

E nós? Seríamos audaciosos ao ponto de não medirmos esforços, a despeito dos amigos e o próprio paralítico que adentram o recinto, através do telhado, onde se encontra Jesus e grande multidão, chamando para si toda a atenção? 

Seríamos obedientes ante Sua petição? Bem...

Poderíamos imaginar aquela mulher que por longos anos sofrera de um fluxo sanguíneo que a privara de uma vida social abalizada junto com os seus, quando rasteja em meio à multidão e apenas toca a orla da roupa de Jesus e sabe que ali seus pecados são perdoados, mediante a cura iminente?

Uma época em que à mulher nessas condições apenas lhe restava o apedrejamento, dado a sua condição impura de se apresentar perante a sociedade? Que esforço tremendo. Que fé contagiante que faz com que Jesus sinta forças saírem de dentro de si ao ser tocado. Que crença tremenda que brota daquele corpo apagado, que em fração de segundo se transporta de um estágio letal para a vida plena?

Sairíamos nós da zona de conforto, o qual estivéssemos colocados, à buscar cura para o mal que tanto nos priva de caminhar?

O que dizer então da mulher grega, da nação siro-fenícia, aquela que não se intimidou ante a palavra de Jesus quando diz não ser conveniente dar o pão aos cachorrinhos. Podemos imaginar que situação constrangedora? Uma mulher, uma nacionalidade que não judia, ante uma multidão. Um homem de que ouvira falar sobre os feitos, comparada a cachorrinhos? Grande fé! Falta-nos hoje. As migalhas foram suficientes para ver a filha liberta do mal do passado. Eis que tudo se fez novo a partir daquele momento.  

O que podemos dizer então da mulher pega em flagrante adultério. O apedrejamento fatal. Jesus, contudo, escreve na areia. O que estaria a escrever? Importa? Para muitos sim. Não para o que segue. Jesus sabia do projeto dos homens. Conhecia seus corações endurecidos. A mulher percebia o seu derradeiro destino e se calava atônita, envergonhada, sem ação alguma.

Eis que o silencio de Jesus é rompido: - “Aquele que jamais pecou atire a primeira pedra”. Silencio total. Um a um depõe as pedras ao chão e sai. A mulher se vê só, na mesma posição em que se prostrara. Silente apenas aguarda o veredito final, mas a surpresa – “Onde estão aqueles que te acusam”? ...  - “Vá e não peques mais”.

Não estaria ali selando um pacto de esquecimento? Para Ele aqueles pecados ficaram no passado. Havia uma novidade de espírito a ser vivida, e foi, a partir daquele instante.

Eis que ela crê e o segue a partir de então. Na cruz a encontramos. No sepulcro lá estava ela a questionar aos anjos – “Aonde levaram meu Senhor?”. Também a encontramos a lamentar a perda do seu amado mestre.  - “Mulher porque choras?”. É Jesus que lhe conforta. A ela aparece primeiro.  

Sim, ao lado de Jesus podemos encontrá-la todo o tempo. Deu testemunho de que tudo se fez novo. Aquela que prestes se encontrava ao apedrejamento, optara pela vida. Morre a adúltera, nasce uma nova mulher. Imaculada. Liberta do fardo do pecado.  

O cego de nascença.  - “Quem pecou este ou seus pais?”. Não seria pois Jesus a luz do mundo? Ali a obra de Deus estava prestes a ser manifestada. O gesto de Jesus a cuspir na areia. O lodo formado. O emplastro sobre seus olhos. Uma condição: - “Vai e lava-te no tanque de Siloé”. Uma obediência. A visão restaurada. Uma janela que se abria para a vida. 

Estaríamos nós propensos a pagar o preço? Afinal, queremos ser libertos dos nossos pecados. Entretanto, seríamos nós perdoadores? Não rogamos ao Pai Nosso para que nossos pecados sejam perdoados? Também não expressamos que perdoaríamos os nossos ofensores?

Porém, o que comumente ouvimos e falamos é que – eu não posso perdoar tal ofensa. Então! Seríamos coerentes ao solicitar perdão sobre nós, se ao menos capazes somos de perdoar, quando é o próprio Jesus que nos diz que devemos perdoar setenta vezes sete vezes – ao dia? Não significaria perdoar sempre?

Ao nosso julgar, parece que Jesus estava equivocado. Não é mesmo? E nossa obediência, a quantas anda?

Entretanto, se tudo se fez novo, se nova criatura somos em Cristo Jesus, tudo se torna possível sim. Basta apenas um gesto de fé. Um gesto de obediência, para que tudo se transforme. Para que tudo se faça novo...



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ESTAMOS PRONTOS PARA A BATALHA?

Texto de Inajá Martins de Almeida

“Esforçai-vos... Fazei-o e será Deus com os retos”.  (2Cr 19:11)
Um homem, em que atitudes boas foram encontradas, ainda que em meio a situações contraditórias. Um homem que buscava separar-se das evidências mundanas e preparar seu coração para buscar a Deus. Homem de oração que tão bem soube reunir sua congregação e se prostrar em terra a conclamar a mão de Deus para a batalha iminente. 
E eis que Deus o coloca em pé, aquieta seu reinado e concede paz ao seu redor.
Era tempo de lutar. O inimigo andava ao derredor. Não se aquietava. Não se intimidava. Não descansava. Não concedia descanso. Impetuoso! Audacioso! Insolente inimigo!
Quantos de nós podemos nos enredar nas malhas daqueles que nos querem levar às profundezas das paixões mais insólitas?
Jesus, contudo, não nos prometeu uma vida de glória, de brilho, de sucesso – ele mesmo sofreu a indiferença, o descaso, a incompreensão, a perseguição, a negação, a cruz. – “No mundo tereis aflições...”.  Entretanto, solicitou-nos para que recobrássemos nossos ânimos. Para que a Ele fôssemos quando sobrecarregados estivéssemos. O mundo era por Ele vencido!  
Orientou-nos para que déssemos a outra face, quando reprimidos fossemos. Que amássemos nossos inimigos, muito mais do que aos amigos. Que perdoássemos tantas vezes quantas fosse necessário. Perdão incondicional.
Sabia que não tínhamos conhecimento da extensão de nossos atos. Para isso foi que veio. Para nos tirar da lama do pecado. Para nos dar ânimo. Para carregar nosso fardo. Para que fossemos seus imitadores. Para que fizéssemos Suas obras e mais ainda. Para nos legar a promessa da vida eterna.
Teria mentido?
Afinal, diz a Palavra, não ser Deus homem para mentir, tampouco filho do homem para que se arrependa, pois bem conhece nossas obras. E se nos arrependêssemos de nossos atos, se a Ele depuséssemos todas as nossas faltas e pecados, Ele próprio é quem nos perdoaria e nos purificaria e seria nosso justo juiz. Ele próprio nos daria a paz. Não precisaríamos ter nosso coração conflitado, nem atemorizado ante as admoestações. – “A minha paz voz dou...”
Josafá, rei de Judá, o qual lhe viera mensageiro a trazer notícias desagradáveis:  – “vem sobre ti grande multidão...” – se coloca a clamar pelo socorro de Deus.
O que fazemos nós quando grande multidão de contrários nos cerca? Quando nossos opositores apenas conseguem observar nossas mazelas e mais carga negativa ainda nos imputa? Estancamos ou buscamos reverter o quadro tenebroso.
Bem! Podemos nos colocar nos átrios do Senhor e conclamar, tal Josafá, a inexistência de forças, em nós mesmos, para o combate iminente. Podemos nos apresentar humildes e fracos – “é quando estou fraco aí é que sou forte” – para que Deus possa agir com Sua força e poder quando lhe pedimos que julgue nossa causa. Podemos levar nossa petição e trazer à lembrança os grandes feitos do Senhor no passado. Por acaso não seria o mesmo Deus de Abraão, Isaque e Jacó? 
Ele responde a Josafá. Não responderia a nós também?
 “Parai. Não tereis que guerrear; ficai em pé para que possam ver a salvação que ora sobrevém. Convosco serei e marcharei amanhã contra seus opositores. Não temais e não vos assusteis”.
Quer maior segurança do que pensar que Deus está agindo a nosso favor, quando julgamos que essa batalha está perdida, ante a multidão de obstáculos que há anos nos privam de avançar a caminhada em busca de novos caminhos, de novas perspectivas, de novas rotas?

Pois certo é que Ele mesmo nos diz que se nele crermos, estaremos seguros. É de Deus que vem nossa segurança.

Josafá pode desfrutar dessa aliança com Deus num reinado tranquilo, próspero e duradouro. Durante vinte e cinco anos fez tudo o quanto era correto aos olhos de Deus, quando então pode descansar junto a seus pais. Ademais, legou a seus filhos a herança dos bens preciosos de que fora cercado – prata, ouro, cidades fortificadas, o reinado para o primogênito. 

E nós? Devemos nos conformar com a multidão de contrariedades que nos cercam?

Não é a Sua própria Palavra que nos exorta a não nos conformarmos com este mundo? Sim! Porém Ela também nos orienta a nos transformar e renovar nosso entendimento para que desfrutemos da “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Rm 12:2)
Josafá teve a ousadia de se achegar a Deus com sua petição e ser ouvido.
E nos dias de hoje? Poderia ser diferente?  Seria outro o Deus de Josafá, quando Ele mesmo nos diz ser o Senhor?
– “Não mudo...”

(texto baseado no livro de 2 Cr 19, 20)

SERÍAMOS POIS INJUSTIÇADOS?

Texto de Inajá Martins de Almeida


Será correto todo tempo buscarmos justificar nossos atos? Não será suficiente saber que para Deus todas as coisas foram feitas? Que nEle somos selados? Que nenhuma condenação há para quem está com Ele?

Temos motivos para nos sentir injustiçados? Somos confiáveis, quando é o próprio Deus que diz não acreditar nem nos seus santos? Bem! Vejamos!

Não fora Abel injustiçado ao ser morto pelo próprio irmão Caim? Esaú, aparentemente, injustiçado ao entregar a benção a seu irmão Jacó, em troca de um prato de lentilhas? O próprio Jacó não fora enganado pelo sogro na noite de núpcias? A amada dos seus sonhos –  Raquel –  não lhe é entregue e sim sua irmã Lea. Podemos imaginar que situação embaraçosa?

Parece que a lista cresce. José, filho amado de Jacó, é lançado numa vala profunda por causa do ciúme dos irmãos, depois vendido como escravo a terras estranhas. Daniel é obrigado a entrar na cova com leões famintos.

Não fora o profeta Elias ante o perigo iminente de ser morto por Jesabel, refugiar-se numa caverna? O que dizer então de Neemias, o copeiro do rei, o grande reconstrutor dos muros de Jerusalém. Não era constantemente convidado a interromper sua obra para dialogar com seus oponentes Sambalate e Tobias? Não encontramos Jeremias a lamentar ao Senhor a insolência dos seus inimigos?

O que dizer então de Paulo. Açoitado, humilhado, lançado em celas. Pedro colocado em cadeia, com grilhões e escoltas. João na ilha de Patmos. Jesus  questionado ante Herodes: - “Tu és rei?”

E nós? Temos argumentos profundos para cobrar justiça? Não somos sabedores que a justiça somente vem de Deus – nosso justo juiz? Porque queremos então ser juízes de nossos semelhantes ao nos sentir injustiçados? Juízes de nós próprios, quantas vezes.

Pedro tinha uma causa – Jesus. A causa era boa por demais. Tinha também oração incessante vinda dos amigos. Podemos também nos lembrar do apóstolo Paulo a dizer que o morrer era lucro e o viver somente para Cristo. Julgavam-se injustiçados? Percebemos que não. Tinham uma causa. Olhavam para o alto. Sabiam que era de lá que o socorro iminente viria. Conheciam o caminho de volta ao lar. Tinham a convicção de serem estrangeiros em terras estranhas.

O salmista também sabia que Deus era seu refúgio e sua fortaleza. Seu socorro iminente nas aflições (Sl 46). Olhava então para os montes (Sl 121). Não se preocupava com os maus. Confiava no Senhor (SL 37). Era profundo conhecedor das contendas ao seu redor, entretanto,  tranquilizava sua alma em Deus (Sl 55).   

Não seria esta uma afronta e injustiça maior sofrida por Davi, quando clama: "mas eras tu, homem como eu, meu companheiro e meu amigo íntimo. Com quem eu convivia tranquilamente e andávamos em companhia na casa de Deus?". Era Saul, a quem amava, que o queria morto.  Mas a convicção no Senhor era sua fonte maior. Era Deus que o sustentava e jamais permitiria um justo ser abalado (Sl 55).

Pensando bem... O que é que justifica tanta coisa sem saiba em nossa vida? Tanta questão para encontrar resposta? Ainda questionamos o sermos injustiçados? Felizes somos se o formos  por causa do Nome que é soberano sobre todo nome.



Pensando bem.  – Jota Neto

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

LANCE TUA REDE AO MAR


texto de Inajá Martins de Almeida

Pedro se perdera naquela noite. O fantasma tirava-lhe o sono. A noite era sombria. Silêncio total. A cruz vazia. O sepulcro fechado. Sentinelas a vigiar. Ao longe estranho e minúsculo pássaro, entoava seu canto noturno. Quase um lamento. Imperceptível a ouvidos descuidados, prolongava-se ininterrupto do crepúsculo ao romper da aurora, numa vigília interminável e incansável. Na escuridão ele podia vislumbrar o horizonte, porque sabia a quem cantava. Pedro se angustiava. E rememorava.

"Pedro, tu me amas?" Pedro, tu me amas mais do que aos outros? Pedro, tu me amas?"  


"Sim, Senhor eu te amo! ... E se entristecia.

E o som ensurdecedor daquele galo a cantar vinha-lhe a mente as três negações: 


"Não conheço este homem".

Quantas vezes também nos perdemos em contradições.  Levantamos nossa voz quando devíamos calar. Permanecemos em silêncio, quando devíamos falar. Falamos movidos por ímpetos de ira momentânea, o que realmente não pretendíamos falar. Em retórica, ouvimos o que não gostaríamos de ouvir. Recuamos por demais. Avançamos impensada e impiedosamente. Pior ainda quando o discernimento foge ao entendimento dos fatos. Pensamos até em abandonar o barco.

Tal Pedro em alguns momentos, somos ágeis e hábeis em levantar a espada num golpe certeiro, mas nos acovardamos ante um ato de negação. Abrimos enorme brecha ao inimigo insolente e iminente. Deixamos que este cresça. Ao amigo consentimos que desfaleça.

Difícil? Sim, mas não para um amigo real e verdadeiro que observa toda a cena, a certa distância, pronto para oferecer um banquete. 

Assim! Rompido o silêncio, eis que Pedro sai a pescar. Seria este mais um ato de fuga? Não! Era necessário voltar ao mesmo lugar onde encontrara Aquele a quem por três vezes negara. Aquele a quem jurara morrer. Agora sentia ser necessário para Aquele viver. Ademais, aquele Pedro impetuoso, destemido e corajoso precisava sair da caverna em que se enclausurara – calabouço do seu próprio interior – e ser testemunha viva do caminho que se abrira a todos, quando naquela cruz duas palavras ecoam no espaço, num brado de vitória: - “está consumado”. 

Sim! Ali estava consumado o projeto de resgate. O corpo dilacerado, o coração traspassado por fina lança, o amargo fel na boca, o sangue derramado. Todos os pecados perdoados. Nenhuma condenação. Pedro precisava ser o testemunho vivo do perdão concedido às suas próprias fraquezas.

Às vezes também devemos voltar ao mesmo lugar onde nossa vida estancara. Devemos extrair forças supremas do nosso interior, a fim de nos libertar das correntes de ferro que não nos deixam prosseguir a jornada, em busca de novas rotas. Devemos fazer o caminho da volta ao lugar onde esquecemos Jesus, para sermos alcançados pela Sua imensa misericórdia perdoadora.

Pedro não vai só. Amigos o seguem e lançam-se ao mar como a clamar por Aquele que os encontrara tempos atrás, naquele mesmo local. Queriam pescar, mas nada pescaram. 

Será que realmente era peixe que esperavam pescar? Ou será que ao mar lançavam a rede dos seus próprios temores. A rede daquele assunto que não se concluíra. A rede de um olhar que permanecera do último instante. A rede das suas angústias pelo vazio que ficara daquela cruz. A rede das respostas para tantas perguntas não respondidas. 

Não houve tempo suficiente, ainda que muito conversassem, dialogassem ou simplesmente o acompanhassem. Ainda que seguissem juntos, estavam separados pelas palavras mal interpretadas. Pelas metáforas que precisavam ser decifradas. Três anos não foram suficientes. Agora, sentiam-se perdidos ante o vazio de apenas olhar para o corpo dependurado, dilacerado naquela cruz.

Quantos de nós podemos nos encontrar nesses pescadores? Quantos de nós apenas conseguimos enxergar nossas dores momentâneas, quando é o próprio Jesus que nos convida a ir a Ele se cansados e sobrecarregados nos encontrássemos?  

Lembravam-se das palavras de que pedra sobre pedra não ficariam daquele Templo. Mas também tinham a promessa de que jamais permaneceriam sós. Lampejos do derramar do Espírito, incompreensível quantas vezes, lançavam sinais em suas mentes sombrias. Não seria este o momento? 

O mar estava calmo. Homens se entreolhavam silenciosos. Exauriam-se na pesca. Serviço pesado, infrutífero.  Sabiam da vergonha de voltar com as mãos vazias. Mas isso não importava naquele momento. Aqueles homens se lançavam a buscar não o alimento para o corpo físico, mas o alimento para a alma – vazios encontravam seus corações. Buscavam Aquele que se entregara por eles e por toda a humanidade. Ademais, buscavam a si próprios, ainda que não percebessem.

E, num gesto de obediência, lançam a rede ao lado direito, quando já dispostos a recuar. Mediante estranha voz que clamava da praia, tentam novamente na esperança de um novo recomeço. A lembrança, da jornada empreendida durante todos aqueles anos, aquele timbre familiar, puderam trazer novo alento e as redes voltam repletas de peixes. Repletas de ânimo. Repletas de amor. Repletas de respostas. Repletas de expectativas para a empreitada que se abre a frente. Sem cobrança. Sem censura. Pedro era pescador profissional. Jesus o separa para ser pescador de almas.

Agora é Pedro que se coloca frente a frente com Aquele que jurara amar e amava. Era Pedro que nada falava, apenas observava. Era Pedro que olhava para dentro de si mesmo e encontrava aquele que julgara haver se perdido naquele ato impensado – “jamais vi este homem”. Era Pedro convidado a cuidar e pastorear os cordeiros e ovelhas do Seu Senhor.  Era Pedro,  que se levantava e com a voz empostada e forte se dirige a multidão, cheio do Espírito Santo.

Pedro sou eu. Pedro é você. Pedro somos nós. Impetuoso e audacioso em alguns momentos, covarde noutros, arrependido noutros tantos, mas acima de tudo, esperançoso por demais no porvir.   Porque é necessário olhar para os montes e ver que é de lá que vem o socorro. 

Pedro e os demais o fizeram. Não se deixaram ser vencidos. Combateram o bom combate das próprias mazelas interiores. Entenderam a mensagem de que poderiam fazer as mesmas obras e mais ainda. De que se pedissem, todas as coisas lhes seriam dadas e acrescentadas. Não receberam a graça em vão. Entenderam a tempo e o momento oportuno.

E nós? 

Somos também convidados a lançar nossas redes ao mar!
____________________

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...