domingo, 14 de fevereiro de 2010

ABIGAIL: a mulher que tirou o ungido do deserto

“Depois disso Davi saiu e foi para o deserto de Parã”.

Acostumada a leituras diversas, a procurar nas entrelinhas as linhas do texto, muitas vezes, atento de forma demorada a palavras que me chamam atenção especial e passo a perceber que muitas se repetem nos textos bíblicos.

Automaticamente ao me deparar com a expressão “depois disso”, estando no capítulo 25 de 1º Samuel, volto um capítulo atrás, 24 e seus versículos, onde Davi tem nas mãos aquele que o queria morto, o rei Saul, mas deixa de matá-lo, pois, temente a Deus, jamais poderia tocar um fio sequer de cabelo de um ungido do Senhor, sabedor de que “o mal vem dos maus”, assim livre, Saul retorna para casa e Davi e seus homens para a fortaleza, mal podendo supor que a morte do profeta Samuel abala a todos que se pranteiam.

Depois disso, Davi sai e vai para o deserto de Parã. Novamente me detenho, tempo mais longo e passo a questionar fatores adversos que poderiam ter levado Davi a se afastar; sair do palco, adentrar os bastidores do seu eu sofrido: a decepção de ver aquele a quem amava sentir-se irado ao ponto de querer ceifar-lhe a vida, ao mesmo tempo em que saber morto aquele que o ungira como rei tempo atrás (1Sm 16:13).

Quantos de nós, em algum momento de nossas vidas, nos retiramos ao deserto. Perdas várias motivam afastamento. Umas nos fazem prostrar por tempo indeterminado, foi o meu caso, quando minha mãe morreu. Deixei-me abater pelo desânimo, pela prostração, mesmo conhecedora da Palavra, mesmo Deus sussurrando em meus ouvidos para que eu tivesse ânimo e coragem, deixava-me ficar como Josué, pranteando a morte de Moisés.

Eu, Inajá, abandonava-me em prantos doídos, ela – Dalila – minha mãe, deixava de ser aquela que representava minha fonte de alegria e orientação, meu porto seguro, meu oásis no deserto.

O deserto abria-se a minha frente. Gélido, interminável. Eu jamais imaginara adentrá-lo e lá permanecer tanto tempo. Davi buscou o deserto, talvez para se furtar às investidas de Saul, eu me recusava atravessá-lo.

Mas, sempre no deserto há um oásis para nos alimentar. Para David, fora Abigail. No meu o Elvio.

Do deserto, Davi soube da proximidade de Nabal, homem muito rico, todavia mau, e pede, através de seus homens, ajuda, a qual lhe é negada, fato este que gera ira em Davi, o qual reúne seus homens, a fim de partirem em represália aquele e a todos os seus.

No cenário surge Abigail, que o texto aponta como inteligente e bonita, em contrapartida ao mau caráter de seu marido – Nabal – que logo se apresenta a Davi e intercede pelo povo e pelo tolo marido, trazendo a provisão necessária.

Ao prostrar-se aos pés do futuro rei, mostrou ousadia tamanha, fé inabalável, além de conhecimento dos propósitos de Deus para com Davi 

"perdoa, eu peço, o crime de tua serva; porque o Senhor fará casa firme a meu senhor, pois meu senhor guerreia as guerras do Senhor; e nenhum mal seja encontrado em ti..." (1Sm 25:28)

Sendo por este logo reconhecida: 

_ "Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou a meu encontro! E Bendito seja o teu conselho, e bendita sejas tu, que hoje me impediste de derramar sangue, e de vingar-me pela minha própria mão! (1Sm 25:32/33)

Tempo depois, viúva, Davi a recebe por mulher.


Leitura Bíblica 1Samuel capítulo 25
Texto Inajá Martins de Almeida

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